Extraído de uma edição de 1928 do livro “Na Luz Perpétua — Leituras religiosas da Vida dos Santos de Deus, para todos os dias do ano, apresentadas ao povo cristão” ¹

São Medardo nasceu em 457 em Salency, cidade do Norte da França, de família distinta e piedosa. Sua mãe, descendente de antiga e nobre família romana, proporcionou-lhe uma educação aprimorada. Notando em seu filho a admirável disposição para o estudo e a prática de virtudes, confiou-o aos cuidados do Bispo de Vermand. Suas esperanças eram bem justificadas e largamente satisfeitas. Medardo fez admiráveis progressos nas ciências e na santidade. Seu saber, sua virtude, sua grande caridade fizeram com que se tornasse estimadíssimo por todos. Ordenou-se na idade de trinta anos e logo desenvolveu grande atividade como pregador e cura de almas. Quando morreu o Bispo, era o nome de Medardo o mais cotado na eleição de um sucessor. Eleito efetivamente, recebeu a sagração episcopal das mãos de São Remígio. A nova dignidade em nada fez mudar o seu modo de viver.

As invasões dos hunos e vândalos trouxeram grande miséria à sua diocese e Medardo viu-se obrigado a mudar sua residência para Noyon. Circunstâncias especiais e mais ainda as insistências de São Remígio e do rei Clotário I fizeram com que aceitasse também a direção da diocese de Tournay. Desde então, as dioceses de Tournay e Noyon ficaram unidas quase 500 anos. Grande parte da diocese de Tournay era ainda pagã. A oração, o zelo e o trabalho apostólico do santo Bispo conseguiram exterminar os últimos restos do paganismo daquela região. Mais resistência ofereceu Flandres, província que mais afastada tinha ficado da influência benéfica da civilização romana. O santo Bispo-missionário não poupou esforços para trazer também esta parte do rebanho de Cristo ao redil do divino Pastor. Em 545, ano da morte de Medardo, toda a província de Flandres estava ganha ao cristianismo.

Sua morte foi sentidíssima em toda a França. As relíquias de São Medardo foram transportadas para a capela real em Soissons e parte delas acham-se hoje na igreja de São Medardo em Paris.

Reflexões

Muito sofreu São Medardo como bispo, vendo sua diocese devastada pelos Hunos e pelos Vândalos. Como pôde Deus, bom pai que é, permitir que sua obra, e a obra do seu santo servo, fosse tão impiedosamente destruída? Mandando-nos tribulações, Deus assim não procede para ter o prazer de nos ver padecer. Seus fins são altos, nobres e santos: A tribulação torna-nos aptos para a luta, solidifica a virtude, prova a nossa fidelidade e consolida-nos na virtude. Sem combate não é possível a vitória. A tribulação pode encerrar a tentação, o desânimo, a desconfiança e a própria apostasia. É necessário que lutemos, que manejemos a espada da fé. “Bem-aventurado o homem, que persevera na luta; tendo sido provado, receberá a coroa da vida, prometida por Deus àqueles que o amam.” (São Tiago 1, 12).

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PDF desse livro disponível em: https://archive.org/details/pe-joao-baptista-lehmann-na-luz-perpetua-vol-i_202312 ↩