Extraído de uma edição de 1935 do livro “Na Luz Perpétua — Leituras religiosas da Vida dos Santos de Deus, para todos os dias do ano, apresentadas ao povo cristão” ¹

LEONARDO, natural da Franconia, gozava de grande prestígio na corte de Clóvis I. Recebeu o batismo das mãos de São Remígio. Tendo-se bem compenetrado do espírito do Cristianismo, conhecido as obrigações e recompensas, resolveu abandonar por completo a vida que até então levava na corte e associar-se a São Remígio. Por alguns anos foi fiel auxiliar do mesmo nos trabalhos apostólicos. O medo, porém, de ser chamado de novo ao palácio real fez com que se retirasse à solidão, perto de Orléans.

Nas proximidades daquela cidade se achava um antigo convento, fundado por Santo Euspício. Superior era São Maximino, sobrinho do fundador, homem estimadíssimo pelas virtudes. Leonardo confiou-se-lhe à direção e emitiu os santos votos.

Maximino morreu e o irmão, São Lifiardo, fundou o convento de Meun sobre o Loire. Leonardo, desejoso de rever a Deus na solidão, dirigiu-se para Berry, onde converteu ao cristianismo diversos idólatras.

Não conseguiu a vida que procurava: longe dos homens e esquecido por todos. A casa tosca e simples, que tinha construído na mata inóspita, em bem pouco tempo tornou a ser muito visitada por pessoas, que do Santo desejavam conselhos, orações e consolo nas tribulações. Leonardo recebia a todos com muita caridade e benevolência, e não eram poucos os que pediram que lhes desse uma regra de vida e os aceitasse como discípulos na vida espiritual. São estas as origens do convento de São Leonardo de Noblac, que mais tarde chegou a ter grande celebridade.

Leonardo distinguia-se sempre por uma grande caridade para com os presos ou encarcerados. Continuamente trabalhava para melhorar-lhes a sorte e minorar-lhes as penas e assim os levar à verdadeira e sincera conversão. Como eremita, continuou estes trabalhos apostólicos com tão bom resultado, que muitos criminosos voltaram ao bom caminho e se tornaram homens úteis e modelares. Em certa ocasião lhe deu o rei a faculdade de libertar todos os presos da cadeia, onde tinha alcançado maravilhas de conversão. Em sinal de gratidão estes lhe ofereceram as algemas, com as quais estavam presos.

São Leonardo morreu em 559. É considerado poderoso padroeiro dos presos e das parturientes. Um dos maiores milagres atribuídos a sua intercessão foi a libertação de Martello, rico senhor de Baquerille, da província de Cans. Este, com mais dois nobres franceses, caíra nas mãos dos Turcos. O carcereiro, que simpatizava com as doutrinas da religião cristã, comunicou-lhe como certa a sentença de morte. Martello, vendo-se nesta situação aflitiva, com confiança invocou a São Leonardo e passou parte da noite em fervorosa oração. Fez o voto de erigir uma capela em honra de São Leonardo, se lhe alcançasse a liberdade. Depois dormiu. Ao despertar, se achou à beira da floresta de Baquerille, fora de perigo.

REFLEXÕES

A oração de São Leonardo era eficaz. A nossa oração fica muitas vezes sem efeito, porque não possui as qualidades que uma boa oração deve ter. “Três coisas — diz São Bernardo — tornam a oração agradável a Deus: a atenção, a devoção e o respeito”. Examina se tua oração apresenta estas três condições. Evita as distrações voluntárias, refreia os olhos e a língua. Reza com devoção, pondo-te na presença de Deus. Tua atitude, quando fazes oração, seja respeitosa e humilde. Com estas três condições realizadas em tua oração, não pode deixar de tornar-se agradável a Deus.

Santos cuja memória é celebrada hoje:

Em Túnis, na Tunísia, o mártir São Félix. Condenado à morte, tinha sido prorrogada a execução. Quando o quiseram tirar da prisão, acharam-no morto. Sec. 4.

Em Barcelona, o bispo-mártir Severo. Foi morto no tempo de Diocleciano. Um prego que lhe meteram no crânio, causou sua morte.

Em Portugal: Beato Nuno Álvares Pereira, confessor.

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PDF desse livro disponível em: https://archive.org/details/pe-joao-baptista-lehmann-na-luz-perpetua-vol-ii ↩