Extraído de uma edição de 1935 do livro “Na Luz Perpétua — Leituras religiosas da Vida dos Santos de Deus, para todos os dias do ano, apresentadas ao povo cristão” ¹

Santa Bertila, natural da França, viveu no século VII. Obedecendo ao impulso do coração, desde a infância procurava afastar-se dos prazeres do mundo, para poder melhor servir a Deus, com práticas de piedade e de caridade. Quanto mais se dedicava aos exercícios da vida interior, mais acentuado se lhe formava o desejo de abandonar o século e retirar-se para a solidão do convento.

Para não ser presa de funesto engano, na escolha do estado de vida, e, receando falar aos pais sobre o íntimo de sua alma, dirigiu-se a um santo sacerdote, pedindo conselho e oração. Convencida de que no mundo não estava sua felicidade e que a vontade de Deus era fazê-la religiosa, solicitou dos pais o consentimento para entrar numa Ordem religiosa. Obtida a almejada licença, Bertila pediu admissão no Mosteiro de Jouarre, onde teve o mais cordial acolhimento e onde se confiou à direção de Santa Teodechildes.

Graças deu a Deus por tê-la tirado do mundo e de seus perigos. Resolutamente se pôs no caminho da mortificação e humildade, considerando-se serva última das companheiras. A prudência e virtude de Bertila impuseram-se à estima e à consideração de todas e, apesar da pouca idade, as religiosas confiaram-lhe diversos cargos de responsabilidade, dos quais se desempenhou a contento de todos.

Bathilde, esposa do rei Clóvis II, levara a efeito a pretensão de fundar um convento em Chelles, perto de Paris, e pediu à abadessa de Jouarre que lhe mandasse uma superiora e religiosas para a nova fundação. Foi eleita Bertila, que seguiu com algumas freiras para tomar a direção do mosteiro. Este era vizinho do paço real, residência de quase todos os reis da França, desde Clóvis até Carlos Magno. A santidade da abadessa fez com que o mosteiro se tornasse célebre e de todos os recantos do país e do estrangeiro viessem pedidos de admissão na Ordem. Princesas e rainhas, entre estas a rainha Bathilde, trocaram o ornato da nobreza pelo véu de freira, e humildemente se sujeitaram à sábia direção da santa abadessa. Bertila estava muito exercitada na humildade, para tropeçar em tentações que lhe pudessem sobrevir de tamanha honra.

O mosteiro de Jouarre era um doce remanso de paz, um pedacinho do Paraíso na terra, um convento em que havia só uma rivalidade: a de humildade, de mansidão, mortificação e caridade. Bertila, a superiora, provou pelo exemplo, que só sabe bem dirigir e mandar, quem aprendeu a obedecer. Durante quarenta e seis anos presidiu à Comunidade, até que, em 692, Deus a chamou para Si.

REFLEXÕES

Para conhecer a vocação, Santa Bertila recorria à oração e procurava o conselho de pessoas prudentes e piedosas. São estes os meios que todos devem empregar para conhecer os planos de Deus em sua vocação. Inclinação, caráter, habilidade, saúde, são outros tantos fatores que devem ser tomados em consideração, numa questão de tamanha importância, como é a da escolha de estado. Ao exame sério de si próprio, deve aliar-se a oração, para obter as luzes de cima. Antes de todas as criaturas, deve ser ouvido Nosso Senhor Jesus Cristo. Na santa Comunhão é que Lhe devem ser apresentadas as nossas dúvidas, as nossas esperanças, os nossos receios, os nossos planos. Na presença de Jesus vemos mais claro, ouvimos melhor, resolvemos mais seguramente. O que Ele nos diz, deve ser a nossa diretiva, sem haver receio de darmos um passo errado. É justo e prudente que se ouça a opinião do confessor e dos pais. Como representantes de Deus, que para nós são, têm competência para julgar e é provável que Deus deles se queira servir para manifestar-nos Sua vontade. No entanto, não pode ser lícito aos pais combater os planos de Deus, quando estes não permitem a menor dúvida.

Santos do Martirológio Romano, cuja memória é celebrada hoje:

Hoje é também a festa de São Zacarias, sacerdote e pai de São João Batista. O Arcanjo São Gabriel anunciou-lhe o nascimento do precursor do Senhor. Segundo uma lenda, São Zacarias foi morto por ordem do rei Herodes.

Santa Isabel, mãe de São João Batista, da família sacerdotal de Aarão, esposa de São Zacarias.

Em Emesa, na Síria, os mártires Galacião e sua mulher Epistemis, mortos na perseguição de Décio. 253.

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PDF desse livro disponível em: https://archive.org/details/pe-joao-baptista-lehmann-na-luz-perpetua-vol-ii ↩