Extraído de uma edição de 1928 do livro “Na Luz Perpétua — Leituras religiosas da Vida dos Santos de Deus, para todos os dias do ano, apresentadas ao povo cristão” ¹

Suitberto, o Maior, nasceu na Inglaterra, foi educado pelo santo religioso e sacerdote Egberto, em cuja companhia dirigiu-se mais tarde para a Irlanda, onde teve a vida de um monástico exemplar. Egberto, alma de fogo pela glória de Deus e propaganda da fé, ardia de desejo de levar a luz do Evangelho para a Baixa Alemanha, onde ainda reinavam as trevas do mais horrível paganismo. Uma missão para lá expedida, sob a chefia de Wigberto, não teve, infelizmente, os resultados que do zelo dos missionários se poderia esperar. Muito para este quase fracasso concorrera a resistência, que o ímpio rei Radbodo opôs à atividade dos santos monges. Egberto, não podendo conformar-se com este estado de coisas, resolveu organizar uma nova expedição, cheio de esperança, de que Deus se amerceasse daquele povo e abençoasse os sacrifícios dos missionários. Doze sacerdotes foram então destacados para a Baixa Alemanha. Entre estes soldados de Cristo achava-se Suitberto. O chefe da expedição era São Vilibrordo. Em 690 embarcaram-se os operários apostólicos e chegaram à foz do Reno, dirigindo-se de lá à Utreque, que era o centro da missão. Franco apoio tiveram da parte do Mordomo, Pepino de Herstal, o qual, tendo sido vitorioso sobre Radbodo, apoderara-se da Frísia, obrigando ainda o vencido a pagamento de tributo anual.

São Suitberto pregou o Evangelho na Frísia e nas regiões adjacentes, como nas províncias da Holanda, de Flandres, na Brabância e nos territórios de Geldern e Cleves. Seu trabalho foi ricamente abençoado, e teve o missionário a grande satisfação de ver milhares de pagãos abjurarem as suas superstições e abandonar seus maus costumes.

Sendo Vilibrordo transferido para Utreque, na qualidade de Arcebispo, o Papa Sérgio I deu-lhe um sucessor para a Frísia na pessoa de Suitberto. Como Bispo, este estendeu sua atividade apostólica a outras regiões, como ao ducado de Berg, e ao condado de Mark. Repetidas invasões, porém, dos Saxões, frustraram grande parte de sua benéfica missão. Fatigado e exausto de uma tarefa quase sobre-humana, Suitberto procurou descanso na solidão do convento do Kaiserswerth, por ele fundado. Foi lá que o grande Apóstolo da Frísia, no ano de 713, entregou sua alma ao Criador. Existe ainda a oração fúnebre, que Vilibrordo, Bispo de Utreque, pronunciou por ocasião de sua santa morte. Em 1626 lhe foram descobertas as relíquias, depositadas num caixão de prata. A maior parte delas ficou na ilha de Kaiserswerth. A festa de São Suitberto era antigamente, com toda a solenidade, comemorada na Holanda.

Reflexões

São Suitberto, embora sua vida tivesse sido toda de Deus no campo das missões, embora sua existência terrena tivesse sido cheia de sacrifícios e privações no serviço do Altíssimo, achou necessário recolher-se à solidão e tratar de sua alma. Sabia muito bem o grande missionário que, para garantir a salvação, é necessária a penitência e o emprego consciencioso do tempo. — Que fazes tu para tua salvação?

Podes dizer que tua vida pertenceu sempre a Nosso Senhor? Podes afirmar que teus dias foram passados no serviço do Altíssimo? Passaste santamente tua mocidade? Na tua idade madura não correu atrás dos ídolos deste mundo? Que pretendes fazer, para dignamente apresentar-te ao eterno juiz, no dia em que te chamar à sua presença? Cada dia que Deus te deu e passou, não volta mais. Aproveita-te, pois, do tempo precioso, para trabalhar eficazmente na santificação da tua alma imortal.

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PDF desse livro disponível em: https://archive.org/details/pe-joao-baptista-lehmann-na-luz-perpetua-vol-i_202312 ↩